domingo, 29 de março de 2020

A Parábola dos Cegos e o Coronavírus




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Enquanto tento extrair dos jornais online as informações mais confiáveis sobre o coronavírus,  quanto ao que manifestam os médicos infectologistas, inevitavelmente vejo que a situação guarda semelhança com o que diz a Parábola dos Cegos.  Parece que estamos perdidos. Todos nós. Em nenhum momento senti segurança com as informações do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Confio mais no nosso ministro da Saúde Luiz Mandetta.  

Título Original: Parabel van de blinden, 1568



"A obra (veja quadro na primeira foto) não é mais do que uma dolorosa metáfora de uma humanidade trôpega e hesitante que não tem nenhuma ideia do que o destino lhe reserva. Nem onde está nem para onde vai, como tantas vezes assegurou Schopenhauer. São seis figuras miseráveis em roupas remendadas, apoiadas em longos cajados que servem somente para evitar que desabem, mas que de nada servem para orientar-lhes o caminho adiante. Seria a poderosa e patética imagem também uma crítica aos líderes ou profetas que, desatinados, como tantos que existiram nos derradeiros séculos, levaram as multidões ao abismo?

A composição denominada A Parábola dos Cegos é uma pintura do artista Pieter Bruegel, o Velho, que teve como inspiração uma passagem bíblica (Mateus: 15:14), em que Cristo faz um paralelo entre a cegueira da fé e a verdadeira cegueira.


O pintor apresenta um grupo de seis cegos, em fila indiana, sendo que o da frente conduz o que está atrás. O líder dos cegos é um músico, como mostra seu violão em meio à água. Ao cair de costas num brejo, o primeiro cego coloca os outros em apuro. O que vem atrás dele se desequilibra e é visto caindo, com sua vasilha de pedir esmolas voando pelos ares. Por sua vez, o terceiro cego, que traz um rosário e uma vasilha no cinto e um chapéu na mão, ligado ao segundo por um bastão, é também conduzido para uma inevitável queda, conforme mostram seus pés em desequilíbrio. E, em consequência, os outros também cairão, num efeito dominó.


É interessante notar a sensibilidade do artista, que usou cores apagadas para aproximar o observador do mundo dos cegos. Ele também os colocou em diagonal, partindo do canto superior esquerdo em direção ao canto inferior direito, onde culmina o desastre, com a derrocada do grupo. O que também repassa a sensação de que estão descendo ladeira abaixo. Chama a atenção a perspicácia do pintor, que deu a cada cego uma expressão totalmente diferente, sendo possível reconhecer cinco tipo de doenças oculares. Também merece observação o fato de os cegos manterem a cabeça levantada, pois isso lhes facilita usar melhor os demais sentidos. Como se vê, a vivência de Bruegel em meio à gente comum, favoreceu-lhe, grandemente, o senso de observação. À esquerda do grupo são vistas algumas casas, uma igreja, algumas árvores e um brejo."
A Parábola dos Cegos é tida como uma das obras-primas do pintor, que mais uma vez esmera-se nos detalhes, como a mudança da expressão de cada rosto. O último cego mostra-se totalmente confiante, mas mudanças vão ocorrendo até chegar à queda.

A parábola dos cegos

Contempla-os, ó minha alma; eles são pavorosos!

Iguais aos manequins, grotescos, singulares,
Sonâmbulos, talvez, terríveis se os olhares,
Lançando não sei de onde os globos tenebrosos.
Cruzam assim o eterno escuro que os invade,
Esse irmão do silêncio infinito/Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?
(C.Baudelaire - La parabole des aveugles)
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