domingo, 20 de dezembro de 2015

Aqui Te Amo - Pablo Neruda (Poema 18)





Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento
Fosforece a lua sobre as águas errantes

Andam dias iguais a perseguir-se

Descinge-se a névoa em dançantes figuras
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas

Ou a cruz negra de um barco. Só.
As vezes amanheço, e minha alma está úmida
Soa, ressoa o mar distante
Isto é um porto. Aqui te amo

Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes
que correm pelo mar rumo aonde não chegam

Já me creio esquecido como estas velhas âncoras
São mais tristes os portos ao atracar da tarde
Cansa-se minha vida inutilmente faminta...
Amo o que não tenho e tu estás tão distante

Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos
Mas a noite enche e começa a cantar-me
A lua faz girar sua arruela de sonho

Olham-me com teus olhos as estrelas maiores
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.

( Pablo Neruda )

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