sábado, 6 de outubro de 2012

(Thomas Moore)





«O tempo passado na solidão, a vivência dela (…) também podem ser deliciosos para uma pessoa que procure uma existência vital, constituindo, eventualmente, importantes elementos num casamento ou numa amizade. Fazem parte da busca de uma alma gémea porque, em primeiro lugar, é necessário ter-se uma alma.

A capacidade de solidão é um requisito prévio para a intimidade com outra pessoa. Caso contrário, talvez a busca desesperada de um companheiro seja apenas a expressão de um vazio pessoal e, nessas circunstâncias, qualquer relacionamento assentará em bases fracas e não satisfará o desejo de ligação. A expressão alma gémea pode significar uma relação em que a alma está implicada, em que a alma de uma pessoa se liga à da outra. Uma ligação destas não é fácil e visa mais fundo que a procura de uma relação afectiva superficial. Parte daquilo que desejamos, ao ansiar por uma alma gémea, é a intimidade com a nossa própria alma e a sua expressão».

«Muitas pessoas estão desesperadas por encontrar uma alma gémea, alguém que corresponda à sua imagem profunda de amor e intimidade. Fazem grandes deslocações para encontrar pessoas e passam um tempo considerável a sentir-se dolorosamente privadas das alegrias da intimidade que imaginam. A sua atitude resume-se no lamento frequente: Quando encontrarei a pessoa certa?

Esta abordagem do amor parece reflectir o narcisismo dos nossos tempos. Quando irei encontrar aquilo de que necessito para o meu crescimento e satisfação? Uma alternativa seria prestar toda essa atenção à própria vida — desenvolver os seus talentos, enriquecer a sua cultura e, simplesmente, tornar-se uma pessoa interessante — ou a uma sociedade carente. Esta feitura cuidada de uma vida é uma maneira positiva de a pessoa se preparar para a intimidade».

(Thomas Moore)

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