sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Gilles Lipovetsky - O Império Efêmero






"O amor cortês caracteríza-se pela sublimação do impulso sexual, pelo culto 'desinteressado' do amor, acompanhado da superestima e da celebração lírica da mulher amada; submissão e obediência do amante à amada.

Desde o fundo das eras, os guerreiros ganharam o amor das mulheres realizando proezas e façanhas em sua honra; o amor é merecido pelas virtudes viris, a temeridade e o devotamento heroico. Essa concepção cavalheiresca do amor prosseguiu durante séculos, mas a partir de 1.100 não cessou de sofrer a influência civilizadora do amor cortês. 

Foi assim que, a um heroísmo guerreiro, sucedeu um heroísmo lírico e sentimental; no novo código amoroso, o senhor, por 'jogo', vive ajoelhado diante da mulher amada e cerca-a de atenções, mostra-se submisso a seus caprichos, é ob rigado a celebrar a sua beleza e a sua virtude em poemas lisonjeiros.

Começa a fase da 'poetização do cortejar', excluindo a linguagem vulgar, libertinagens e obscenidades em favor da discrição, da humildade respeitosa do amante, do enobrecimento da linguagem e da exaltação galante. Daí pra frente, a sedução requer atenção e delicadeza em relação à mulher, a poética do verbo e do comportamento."  (Gilles Lipovetsky - O Império de Efêmero)

E nos dias atuais, acrescento eu, a falsidade para obtenção de sexo. Bem disse alguém quando manifestou "depois que o sexo ficou fácil, ficou difícil encontrar o amor". É isso. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário